quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Natal é Amor!

FALAVAM-ME DE AMOR

Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,

menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.

Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.

O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.

Natália Correia

Festas Felizes...

É outra vez Natal...


Olá!


O cheiro já paira no ar. Nas ruas já se vê o frenesim, uma correria desenfreada para as lojas. Papéis cintilantes, luzes coloridas, bolas, azevinho, laços de encantar. Nas montras a doce sedução de um presente que se quer dar. Pois é...mais um Natal a chegar. Mais um ano que passou. Emoções, vivências, experiências, um sem número de momentos que já lá vão.


O ano passa a correr, quase sem darmos por ele e, quando esta época festiva se aproxima, importa que nos olhemos por dentro, que tenhamos a capacidade de perceber o que fizemos, quem fossos, como actuámos, ao longo dos últimos meses! A vida é demasiadamente fugaz para ser desperdiçada com coisas de menor importância. Nesta época é frequente deixarmo-nos levar pelo consumismo enfurecido, que apenas quer deslumbrar. Procuramos os mais belos e requintados presentes, enfeitados pelos mais deslumbrantes embrulhos.... Mas, tendemos a passar ao lado de situações bem mais importantes, bem mais prementes. Nesta época de crise financeira mundial, são cada vez mais aqueles que necessitam de um ombro amigo, que necessitam do calor de um abraço, de um prato de sopa quente e reconfortante, capaz de os fazer esquecer das mágoas e dos problemas diários que enfrentam.


Nas ruas vemos a mendicidade aumentar. Muitas vezes, a dita mendicidade encobre-se com o manto da vergonha, com o manto do receio da crítica, da discriminação. Quantas e quantas famílias, outrora felizes, sem quaisquer problemas monetários, se vêem agora despedaçadas, amaldiçoadas pela fome, que insiste em perdurar. O desemprego aumenta, os lares empobrecem a cada minuto... Por isso, é hora de parar! É hora de olhar para o lado e ver quem necessita da nossa ajuda! Importa termos a capacidade de reflectir e tentar mudar o que está errado, deixando de ver o mundo sob o prisma dos nossos desejos e ambições. Importa que tenhamos a humildade de olhar o outro, sendo solidários com quem mais precisa. Hoje tu, amanhã eu... Importa ajudar. É tempo de partilha, de amar o próximo, sem segundas intenções, sem desejar nada em troca. Amar pelo prazer de amar.


Boas Festas!


Um abraço.

Como escrever um bom texto...

Um texto é uma mensagem

Um texto serve para exteriorizar pensamentos. O texto fica fora do autor, libertando a sua memória. Permite-lhe relacionar o que já sabe (pois está escrito) com o que quer saber (que ainda é questão). Escrever aprimora o pensamento.

Um texto permite aceder a um pensamento ordenado de outra pessoa em qualquer momento. Escrever é um acto de comunicação que permite ao autor divulgar ideias com maior rigor do que a oralidade. Escrever “bem” é transmitir correctamente uma mensagem aos potenciais leitores.

Um texto é considerado “bom” por um leitor quando lhe fornece algo que não possuía. “O segredo de um bom artigo não é talento, mas dedicação, persistência”(*).

Na redacção de um texto, cada "escritor" utiliza a sua estratégia. Quanto mais complexo for o assunto a escrever, mais exigente é o domínio do processo de escrita. O esquema e as sugestões a seguir devem ser consideradas pistas para reflexão, contribuindo para o aperfeiçoamento da metodologia da redacção.

Metodologia da redacção de um texto

Metologia da redacção

1º Escrever o título, a ideia, as palavras-chave e as fontes de informação

1½º Pesquisar, Ajustar, Reler

2º Escrever as frases

2½º Pesquisar, Ajustar, Reler

3º Acrescentar ideias/temas/conceitos

3½º Pesquisar, Ajustar, Reler

4º Responder às questões da comunicação necessárias: o quê? quem? onde? quando? quanto? como? porquê? Para quê? …

4½º Pesquisar, Ajustar, Reler

5º Acrescentar as pertinentes imagens/esquemas/tabelas

5½º Pesquisar, Ajustar, Reler

Dar a ler a outro e anotar os comentários

6½º Pesquisar, Ajustar, Reler

Sugestões:

1. Aproveitar a inspiração para o texto – Sabendo com alguma antecedência que terá de escrever o texto, vá anotando as ideias que vão surgindo (poderão esfumar-se …). Vale a pena o esforço de registar as suas ideias, mesmo numa situação delicada (por exemplo, inicio do sono).

2. Definir datas para as etapas do texto – Terá de ser persistente na redacção do texto. Um texto nunca fica acabado à 1ª, à 2ª, à 3ª, …, à 10ª, …, à 30ª, …
Esquece o texto durante dois dias (pelo menos) e depoia relê-o como se o estivesse a descobrir.

3. Elaborar títulos explícitos – Após a escrita das palavras-chave, pode ser necessário definir um índice com os nomes dos capítulos e/ou sub-capítulos ordenados.

4. Identificar o texto - Um texto deve ser referenciável. Ou seja, possuir: título, autor, data e endereços (editora, instituição, cidade, site, e-mail, …).

5. Conduzir o leitor – Um texto tem a sequência
Introdução >>> Desenvolvimento >>> Conclusão
e cada uma destas pode ser novamente abordada nessa sequência.
- A “Introdução” prepara o leitor para o texto, assumindo a forma de uma apresentação, uma síntese, um preâmbulo ou um prelúdio.
- O “Desenvolvimento” é o corpo do texto, esclarece e evidencia o tema, relaciona conhecimentos, expõe opiniões e argumentos.
- A “Conclusão” é o desfecho do texto onde se liberta as ideias essenciais, podendo assumir a forma de resumo ou epílogo e, eventualmente, incluir uma avaliação do trabalho/texto.

6. Utilizar as palavras mais ajustadas ao leitor – O texto fica aperfeiçoado se, enquanto escreve, o autor mantiver uma imagem nítida do destinatário.

7. Esclarecer os principais conceitos – Os principais conceitos do texto devem ser “definidos” com a devida antecedência. O leitor fica desorientado quando surgem palavras novas ou relações inesperadas entre conceitos.

8. Inserir credibilidade no texto – Acrescentar uma citação, uma referência, uma data, uma quantidade, um exemplo, uma situação concreta, …, tendo pesquisado textos similares.

9. Autentificar o texto – Coloque o seu cunho pessoal, a sua opinião, a sua contribuição, a sua experiência única. “O objetivo de um artigo é convencer alguém de uma nova idéia, não convencer alguém da sua inteligência” (*). Mas tenha cuidado com os preconceitos!

10. Seleccionar as melhores palavras – Um texto é pessoal e cada leitor interpreta-o, desvirtuando a ideia do autor. Efectuar um esforço para escrever o mesmo com melhores palavras, sendo pertinente a consulta de dicionários para encontrar sinónimos ou antónimos. Não esquecer de acrescentar os adjectivos elucidativos.

11. Sustentar a unidade do texto. Cada frase deve ser considerada um contributo para a compreensão da ideia do texto. O leitor deve sentir sempre um “fio-condutor” pelo assunto principal do texto. .

12. Poupar palavras – Escrever o mesmo com menos palavras. Retirar as frases desnecessárias, repetitivas ou inúteis. Escrever frases simples e curtas (menos de 18 palavras). Após a leitura, o leitor deve sentir o texto como uma unidade geral.

13. Eliminar erros gramaticais – A atenção do leitor deve estar no conteúdo do texto e não na sua forma. Esforço por manter um tempo verbal (presente/passado/...) e uma pessoa (nós, impessoal, eu,...).

14. Formatar o texto – Utilizar apenas um tipo de letra e legível (arial, verdana, …), margens 2,2,3,2, parágrafos a espaço e meio e identados (inicio da primeira linha a 1 cm), subtítulos a negrito.

15. Anexar informação – Acrescentar complementos ao documento (apêndices, anexos, índices ou bibliografia).

16. Auxiliar a retenção da informação – Inserir uma imagem, som, animação ou vídeo.

17. Prever a interpretação – Ler o texto em voz alta e com a devida entoação. Faça o leitor reflectir e questionar o texto.

18. Divulgar o texto - Um texto merece ser lido.

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(*) Stephen Kanitz (ano?). Como escrever um bom artigo. http://www.kanitz.com.br/comoescreverumartigo.htm (acessível em 31Out2005).

Fonte: http://www.prof2000.pt/users/folhalcino/ideias/comunica/redaccao.htm

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Diz-se... ter pago ou ter pagado???

Olá!

O verbo pagar possui dois particípios passados, um regular (pagado) e um irregular (pago). Resta saber quando se deve usar um ou outro. Pois bem, a forma regular usa-se com os verbos ter e haver (ter pagado, haver pagado) e a forma irregular aplica-se com os verbos ser e estar (ser pago; estar pago).

Os verbos apresentar, empregar e encarregar só aceitam as formas apresentado, empregado e encarregado, ainda que existam gramáticas e dicionários que já aceitam as formas encarregue e empregue,uma vez que o seu uso se está a tornar frequente.

Quanto aos outros verbos com dois particípios, reparem na listagem que se segue:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular
absorver absorvido absorto
aceitar aceitado aceito, aceite
acender acendido aceso
afligir afligido aflito
assentar assentado assente
benzer benzido bento
cativar cativado cativo
cegar cegado cego
completar completado completo
convencer convencido convicto
corrigir corrigido correcto
cultivar cultivado culto
descalçar descalçado descalço
dirigir dirigido directo
dissolver dissolvido dissoluto
distinguir distinguido distinto
eleger elegido eleito
emergir emergido emerso
entregar entregado entregue
envolver envolvido envolto
enxugar enxugado enxuto
escurecer escurecido escuro
expressar expressado expresso
exprimir exprimido expresso
expulsar expulsado expulso
extinguir extinguido extinto
frigir frigido frito
ganhar ganhado ganho
gastar gastado gasto
imergir imergido imerso
imprimir imprimido impresso
incorrer incorrido incurso
inquietar inquietado inquieto
inserir inserido inserto
isentar isentado isento
juntar juntado junto
libertar libertado liberto
limpar limpado limpo
manifestar manifestado manifesto
matar matado morto
morrer morrido morto
nascer nascido nato, nado
ocultar ocultado oculto
omitir omitido omisso
pagar pagado pago
prender prendido preso
romper rompido roto
salvar salvado salvo
secar secado seco
soltar soltado solto
submergir submergido submerso
suspender suspendido suspenso
tingir tingido tinto
vagar vagado vago

E em bom português diz-se...


Desafio da semana:

  • Aproximar-se de... ou Aproximar-se a?
  • bem-vindo...ou...benvindo?
  • balãos...ou...balões?
Aguardam-se respostas até dia 15 de Dezembro de 2008!

Até já...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - uma história de amor sem limites


Olá!


Jorge Amado, grandioso escritor de nacionalidade brasileira, presenteou-nos com uma das mais emocionantes histórias de amor. Quando Jorge Amado escreveu este romance, fê-lo a pensar na prenda de anos para o seu filho mais velho, João, quando este estava prestes a completar um ano de idade. Jorge Amado estava exilado em Paris, em 1948, devido às circunstâncias da sua vida.

O autor afirma que a obra é um romance, dado tratar de “uma história de amor”. Este subtítulo da obra faz-nos imaginar um romance, vivido entre as personagens principais, o Gato e a Andorinha. É uma narrativa onde há uma mescla entre o diálogo, a narração e a descrição das personagens.


O que vamos encontrar é um amor impossível, entre um gato e uma ave, supostos inimigos por natureza. "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá" revela-nos um mundo de fantasia, em que estes dois animais, de espécies distintas e mundos diferentes, acabam por se apaixonar. O Gato Malhado, animal temído pelos outros animais do parque, com a sua aparência agressiva e rebelde, não passa de uma criatura solitária, que apenas procura quem o compreenda. A Andorinha, uma ava brincalhona e destemida, enfreta com coragem, este Gato Velho que nunca teve verdadeiros amigos. E...como por magia, eis que, lentamente, a amizade vai surgindo entre eles, acabando por dar lugar a um amor sincero, verdadeiro e puro, livre.


Mas, os restantes animais não compreendem, nem tão pouco aceitam que uma andorinha se enamore de um gato, logo o Gato Malhado. Por isso, uma "chuva de críticas" vai fazer toda a gente acreditar que se trata de um amor impossível, pois os seus intervenientes são diferentes, pertencem a mundos opostos. Metaforicamente falando, Jorge Amado tece duras críticas ao mundo dos humanos, recorrendo à simplicidade do mundo animal. Tal como acontece entre os homens, o racismo impera no reino animal e o Gato e a Andorinha vêem o seu amor condenado a um desfecho trágico. Infelizmente, este tipo de situação é mais comum no reino dos humanos do que aquilo que possamos imaginar.


Muitas vezes olhamos as pessoas e tendemos a discriminá-las pelas razões mais absurdas. A etnia, religião, cor da pele, crenças, estatuto social, preferência sexual não podem fazer com que se rejeite o outro por ser "diferentes". Vivemos num mundo onde a diferença faz a união. Todos diferentes, mas todos iguais. Como nos diz Jorge Amado...


“O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha”.


Gatos e andorinhas, brancos, pretos, doutores e analfabetos, todos somos iguais, todos temos direito a amar e ser amados! O mundo só será justo quando o racismo, a discriminação, a intolerância derem lugar à Igualdade de Direitos, à Paz, à Solidariedade.

Todos juntos fazemos melhor.
Um abraço.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A Mensagem - Fernando Pessoa

Olá!

A Mensagem é um mega poema ao longo do qual o nosso querido Pessoa sonha com a construção de um novo império. Por já não haverem mais "Índias" para conquistar, e dada a sede de expansão cultural e de reconhecimento, que invadia a alma pessoana, o poeta sonha com o mítico e messiânico Quinto Império.

Fruto do Modernismo, esta
é a única obra completa, publicada em vida, de Fernando Pessoa. Contém 44 poemas, escritos entre 21 de Julho de 1913 e 16 de Março de 1934. A sua publicação surge a 1 de Dezembro de 1934, dia das comemorações da Restauração de 1640.

Pessoa diz-nos que...

«O meu livro "Mensagem" chamava-se primitivamente "Portugal". Alterei o título porque o meu velho amigo Da Cunha Dias me fez notar - a observação era por igual patriótica e publicitária - que o nome da nossa Pátria estava hoje prostituído a sapatos, como a hotéis, a sua maior Dinastia. "Quer V. pôr o título do seu livro em analogia com "portugalize os seus pés"? Concordei e cedi, como concordo e cedo sempre que me falam com argumentos. Tenho prazer em ser vencido quando quem me vence é a Razão, seja quem for o seu procurador.

Pus-lhe instintivamente esse título abstracto. Substituí-o por um título concreto por uma razão…

E o curioso é que o título Mensagem está mais certo - à parte a razão que me levou a pô-lo - de que o título primitivo.»

Pois é, a mudança de título da obra é-nos explicada pelo próprio autor. Efectivamente, a palavra portuguesa Mensagem surge da fórmula de Anquises, quando este explica a Eneias, descido aos infernos, o sistema do Universo: "Mens ag (itat mol) em': "o espírito move a massa". Esta foi uma maneira do poeta afirmar o seu idealismo absoluto, o seu desejo do infinito, a sua "febre do além".

Já agora vale a pena clicar aqui.

E para vos motivar para a obra, deixo este vídeo. Espero que gostem.




Um abraço.

Os Lusíadas - a história viva de um povo

Olá a todos!

Durante umas das minhas viagens cibernauticas encontrei um site, que talvez possa ajudar-vos a compreender melhor a génese d' Os Lusíadas. Cliquem e investiguem: Os Lusíadas.
Como sabem, esta grandiosa obra épica, escrita ao estilo dos louvados autores da Eneida ou da Ilíada, retrata a história de um povo (os lusitanos=portugueses), que ousou andar por "mares nunca dantes navegados", enfrentando monstros, tempestades, a ira dos deuses, em busca de terras do Oriente. O nosso homem do leme (Vasco da Gama) é cantado por um dos melhores grupos portugueses, Xutos e Pontapés, que aqui partilho convosco:

Espero que gostem e que a música vos sirva de companhia, durante as vossas sessões de estudo.




Um abraço!

Textos expressivos, criativos e textos poéticos (módulo 2)



Olá pessoal.


No seguimento do trabalho que vos solicitei (módulo 2), aproveito para vos deixar (relembrar!!!) algumas indicações:

Seleccionar um poeta/poetisa português/expressão portuguesa do século XX;

Pesquisar biografia do poeta/poetisa seleccionado;

Escolher um poema (1 por cada elemento do grupo) do poeta seleccionado;

Apresentar as escolhas à professora;

Redigir uma biografia do poeta seleccionado, tendo por base as pesquisas anteriormente feitas;

Analisar os poemas escolhidos (estrutura interna e externa) e apresentar a análise feita à professora;

Preparar a apresentação oral do trabalho desenvolvido pelo grupo, seleccionando apenas dois dos poemas previamente escolhidos;

A apresentação poderá ser enriquecida com vídeos (retirados do Youtube, por exemplo), declamações de poemas, etc. Esta será da inteira responsabilidade do grupo, ao qual serão dados 15 minutos para apresentarem o seu trabalho aos restantes colegas. Recordo-vos que nesta página encontraram algumas ligações com interesse, que vos poderão facilitar a elaboração do trabalho pedido.

Um abraço

Escrever é... dar asas ao pensamento!


Olá!


Escrever é, para mim, libertar o pensamento, soltar amarras e partir em busca do indizível, do inimaginável. É partir em busca de um completo mundo novo, onde poderemos ser tudo e todos, basta imaginar. Mas, para se escrever, é necessário ler, ler muito, aprender com as palavras dos outros, vislumbrando novos horizontes, que muitas vezes revelam aquilo que nós não fomos capazes imaginar. Entrar numa livraria, numa qualquer biblioteca é como entrar num sem número de "novos mundos" ansiosos por nos mostrar cada um dos seus recantos.


Almada Negreiros, certo dia disse: "Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria." É bem verdade que, cada livro, cada texto, cada história é uma possbilidade diferente, aos olhos de cada leitor. Importa que aproveitemos cada segundo para ler e, depois, libertar o nosso imaginário e fazer da folha de papel um navio, no qual possamos embarcar numa viagem sem fim, rumo ao limite da nossa criatividade.


Ler é poder ver o mundo das formas mais diversas, pintando-o ao estilo de Renoir ou de Picasso! Mas, escrever é, sem sombra de dúvidas, dar asas ao pensamento! Por isso, é urgente não mais aprisionar as nossas ideias! É urgente passá-las para o papel, para que, mais tarde, elas possas ser pintadas por outros, que, ao lê-las, vêem o mundo sob um outro prisma. Como dizia o nosso saudoso Eugénio de Andrade... é urgente.


Urgentemente

É urgente o amor. É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos, muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor,
é urgente permanecer.

Eugénio de Andrade, Até Amanhã

O Sermão de Santo António aos Peixes: a intemporalidade das palavras de Vieira


Olá!


Vos estis sal terrae - Mateus, 5 (vós sois o sal da terra)

Muitas vezes os alunos questionam-se: "Mas para que é que eu tenho ler isto? É uma seca!". Pois é, nem sempre somos capazes de, numa primeira abordagem, perceber aquilo que está para além das linhas que lemos. Importa sermos capazes de ler nas "entrelinhas", procurando o verdadeiro significado da mensagem que ali se tenta passar.

Outrora, muitos dos nossos escritores viram-se forçados a "escrever em código", pelos mais variados motivos: ou porque o seu público não demonstrava interesse, ou porque a censura os inibia de dar asas ao seu pensamento e o famoso "lápis azul" eliminava tudo o que fosse contra a suposta moral estabelecida. Muitas vezes os autores sentiam-se obrigados a mudar de "púlpito e de auditório", numa tentativa de chamar a atenção de todos aqueles em a quem a cegueira impedia que vissem a verdadeira mensagem. O Padre António Vieira foi um deles.

O "Sermão de Santo António aos Peixes", obra cativante, que remonta ao ofuscante período Barroco, dá-nos um belíssimo testemunho do poder da escrita. Com uma grande habilidade oratória, Vieira recorre à alegoria para tecer duras críticas ao comportamento humano. Em pleno século XVII, os colonos portugueses viviam cegos com o brilho sedutor da riqueza proveniente das colónias portuguesas. Pregado no Maranhão, este sermão de que hoje vos falo retrata o lado mais irracional do Homem, capaz das piores atrocidades, em busca de uma riqueza que apenas o corrompe.

Partindo do conceito predicável "Vós sois o sal da Terra", Vieira retrata o comportamento dos peixes, que, metaforicamente, representa o do Homem, revelando o seu lado bom e o menos bom (alegoria). Efectivamente, a inteligência humana não foi suficiente para interpretar as palavras deste grandioso orador, decidindo ignorar as suas palavras. Por isso, à semelhança do maior pregador de todos os tempos, Santo António, Vieira deixa a terra e vai-se ao mar, em busca de um público interessado em ouvi-lo. Recorrendo a uma construção literária fabulosa, o autor deste sermão revela-nos uma sociedade parasita, que explora o lado menos humano do Homem em prol de uma riqueza fácil. Os mais fracos e oprimidos (como as comunidades indígenas do Brasil) eram explorados por todos aqueles que não olhavam a meios para alcançar os seus fins. Vivia-se num verdadeiro parasitismo, onde imperava a "lei do mais forte". Mas, a uma distância de cerca de quatro séculos, estará a nossa sociedade tão diferente da que foi caracterizada por Vieira? Seremos hoje pessoas mais humildes, prontas a ajudar os mais fracos? Viveremos hoje numa sociedade onde a ganância e a corrupção estão extintas? Creio que não e, como afirmava Vieira, "ainda mal".

Esta é, sem sombra de dúvidas, uma obra intemporal, que continua a retratar a nossa sociedade, cuja sede de riqueza, poder e ostentação continua a criar muitos polvos, roncadores e pecadores, como no tempo de António Vieira.
P.S. - Já agora vale a pena dar uma vista de olhos aqui.
Um abraço.

Cuidado com a língua - um programa a não perder!


Olá a todos!

Como sabem, se há línguas complicadas, com muitas "excepções à regra", o nosso Português é uma delas. No meio das maiores certezas, eis que a dúvida se instala e damos por nós a pensar..."Como é que se escreve, fala-se ou falasse? benvindo ou bem-vindo? atravéz ou através?"

Pois é, mas, no meio de tantos programas (por vezes pouco ou nada pedagógicos!!!), os quais somos quase "forçados" a ver, num dia em que, como diria Bocage, nos achamos "mais pachorrentos", eis que surge a lâmpada do Aladino para nos surpreender!

A RTP, com a ajuda do nosso conhecido actor Diogo Infante, traz a cena um excelente programa que, de forma cativante, nos esclarece algumas dúvidas, apresenta curiosidades acerca da língua portuguesa. O "Cuidado com a língua" é uma excelente forma de entretenimento, que nos diverte, elucida e ensina.

O "Cuidado com a língua" pode ser visto na RTP, às segundas-feiras, após o jornal da noite. E já agora, para quem estiver interessado em ver, ou rever, alguns dos programas já apresentados, aproveito para deixar aqui o link, através do qual os poderão visualizar. Basta clicar em http://tv1.rtp.pt/multimedia/index.php?tvprog=21216 e pronto! Divirtam-se, se possível... aprendendo!

Um abraço.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Bem-Vindo(a)!


Olá a todos!

Sejam muito bem-vindos ao Português bem falado, um local onde se irão partilhar saberes, dúvidas, tudo em nome da nossa amada língua portuguesa. Como dizia Pessoa, "a minha pátria é a língua portuguesa" e é através dela que poderemos viajar por "mares nunca dantes navegados", dando asas à nossa imaginação.

Com a ajuda preciosa das novas tecnologias vamos tornar a língua portuguesa num organismo cada vez mais vivo, interactivo, dinâmico, capaz de nos unir e seduzir cada vez mais. O desafio está lançado...Conto com a vossa colaboração.

Um abraço.